segunda-feira, 28 de março de 2011

Avaliação – Peugeot Hoggar Escapade 1.6 16V Flex 2011


As vendas no segmento de picapes compactas no Brasil está fervendo, prova disso é a Peugeot lançar uma versão com caçamba baseada no modelo 207. A Hoggar foi apresentada em maio de 2010, e só chegou esse mês para o CarPoint News avaliar por uma semana. Antes tarde do que nunca, pois valeu a experiência de poder experimentar uma picape compacta diferente das demais do mercado. A história dessa picape é diferente das demais, começou quando a filial brasileira pediu aos franceses da matriz a autorização para criar e produzir o modelo diferente aqui em nossas terras, eles não entendiam o motivo, mas foi explicado que é o tipo de carro que pode ser usado tanto por quem precisa trabalhar com ela carregada ou por aqueles que só querem curtir com a caçamba vazia. Foi preciso muito mais para convencer os franceses, para isso, a filiar brasileira mostrou os números de vendas do segmento em 2009, onde foram comercializadas 162.000 unidades, com esse argumento, a Peugeot brasileira conseguiu o direito de começar a desenvolver a Hoggar (pronuncia-se ô-gár). O mercado das picapes compactas já existe a bastante tempo, atualmente a Fiat está na liderança. Levando em consideração as quatro principais opções do mercado, em primeiro lugar em 2010 ficou a Fiat Strada com 116.774, seguida pela Volkswagen Saveiro com 62.184 unidades, acompanhada pela Chevrolet Montana com 36.662, Ford Courier com 7.309 e a Hoggar, sem muito sucesso, fica na lanterna do segmento com apenas 4.026 unidades, provando que mesmo convencendo a matriz dos esforços para lançar a picape aqui, não será fácil conseguir uma boa posição no mercado.


A nova frente adotada pela linha 206, que o “transformou” em 207 em 2008 aqui no Brasil, na minha opinião só teve harmonia nas linhas nos modelos SW e na Hoggar, nos outros (hatch e no sedan Passion) as linhas não seguiram um padrão convincente, tornando essas alterações uma questão muito polêmica entre os entusiastas da marca. Os faróis do 207 francês não caíram bem na carroceria do 206, deixando a dianteira muito abrutalhada. Vamos a análise da picape da Peugeot. A Hoggar tem um desenho bem diferenciado das demais picapes com aptidões aventureiras, sua personalidade é um ponto forte nesse segmento. Chama a atenção na dianteira os apliques de plástico nas cores preto e prata, a mesma adotada pela versão Escapade da SW, ou seja, um quebramato prateado acoplado ao pára-choque da cor do veículo, dando a impressão de terem colocado um aparelho ortodôntico. Ainda fazem parte da dianteira os faróis de milha, que estão localizados nas extremidades e tem suas bordas pintadas de prata. Na dianteira, além do quebra-mato, chama a atenção os enormes faróis escurecidos emprestados do 207 europeu. A grade dianteira é substituída pelo enorme logo do Leão. Visto de lateral destaque para os apliques plásticos que começam no pára-lama dianteiro e vão até o traseiro, passando a idéia de robustez a picape. Na porta e em uma parte da lateral traseira está o “borrachão” que protege de possíveis amassados e o famoso step-side, criado pela Chevrolet Montana e copiado pelas demais marcas. A traseira usa as lanternas do 1007, pequeno monovolume vendido na Europa. Uma faixa de plástico preto percorre toda a tampa da caçamba, que tem as inscrições “Peugeot” e “Hoggar” na parte superior nas extremidades e a Leão prateado ao cento, logo abaixo do puxador da tampa. Na parte inferior, o pára-choque é de plástico preto, bem robusto, com suporte para os pés nas extremidades e o nome “Escapade” aparece em destaque em uma régua de plástico larga na parte inferior. O teto é composto de um rack na cor prata, que desce até a metade da coluna traseira. A caçamba tem um protetor de plástico preto, com a inscrição “Peugeot” na parte dianteira. Mesmo lançada em 2010, à picape chama a atenção por onde passa, a versão Escapade, testada pelo CarPoint News, foi constantemente alvo de olhares curiosos nas ruas.

O Peugeot Hoggar Escapade possui um engenhoso trabalho de recorte e colagem, pois sua parte dianteira é do 207 brasileiro e a traseira (caçamba), que é apenas 2 cm mais curta que a da Ford Courier, é emprestada do furgão Partner. Suas caixas de rodas quase não invadem o espaço da carga, que também teve o piso da caçamba, longarinas, suspensão (por barra de torção) e eixo traseiro são do Partner também, que tiveram pouquíssimas adaptações segundo o fabricante. Isso permitiu ao Hoggar ter a maior capacidade da categoria (742 kg no modelo X-Line e 650 kg na Escapade).

Na parte interna, o motorista se sente dentro de um verdadeiro Peugeot 207, sem tirar nem por, mesmo com a falta de espaço para os passageiros de trás essa sensação não muda. Dentro da cabine o mesmo painel encontrado nos modelos de série está lá, mas com algumas diferenças, como detalhes mais “esportivos” com cromados na ponta da alavanca de câmbio, nos três pedais e na moldura da saída central do ar-condicionado e das informações do rádio exclusivo Peugeot, faltam tecidos nos painéis de porta, que são de plástico duro, assim como o painel dianteiro. Para o conforto dos ocupantes, apenas dois, neste caso, está disponível para o motorista regulagem de altura e para o banco e coluna da direção, que facilita bastante na hora de achar uma boa posição de dirigir. Um detalhe que acompanhou todo o teste foi o fato da parte central do painel, que tem uma borda prateada, ficar refletindo o tempo todo no vidro dianteiro, atrapalhando a visão do motorista em várias circunstâncias de uso, assim como nas manobras, a coluna traseira deixar um ponto cego na hora de dar marcha à ré, obrigando ao motorista a se arriscar, podendo até bater com o carro, seria legal esse tipo de veículo oferecer um sensor de estacionamento de série. Os comandos elétricos de vidros e espelhos retrovisores ao lado do freio de estacionamento incomodam bastante e tiram um pouco a concentração do motorista de precisar usar durante o trajeto. Existe ainda um espaço razoável de 120 litros, na medição da fábrica, atrás dos bancos esportivos, suficiente para levar mochilas ou uma mala média.

A Hoggar Escapade ainda trás itens de série como retrovisores e vidros elétricos, direção hidráulica, faróis de neblina dianteiros, grade protetora do vidro traseiro, 2 alto-falantes nas portas dianteiras, ar-condicionado, follow me home, travamento automático das portas em velocidade, rodas de liga leve de 15 polegadas, pneus de uso misto e protetor de caçamba. Em termos de segurança, a Hoggar Escapade oferece ainda airbag duplo como opcional e freios antiblocantes (ABS). A Peugeot disponibiliza kits de acessórios para o Hoggar. Os kits promocionais elaborados pela montadora tem a mão-de-obra inclusa no preço. A linha de acessórios é composta por mais de dez itens, permitindo a personalização da picape Hoggar ao gosto do cliente, o valor do kit Utilidade, que oferece protetor de caçamba, capota marítima, redes de retenção porta-objetos para a caçamba e, no interior do veículo, para as áreas localizadas atrás do bancos e nas laterais sai a R$ 2.599. Enquanto o Kit Estilo, que traz breaklight, grade de proteção do vidro traseiro, protetor de caçamba, barras de teto e duas soleiras de alumínio, custa R$ 3.199. Para finalizar, a Peugeot oferece o pacote promocional específico, o Kit Aventura, que disponibiliza estribo lateral, protetor de para-choque dianteiro, santantônio e protetor de caçamba. Tudo por R$ 3.499. A picape Hoggar Escapade parte de R$ 43.500 com todos os itens citados no parágrafo acima. Se forem adicionados as cores metálicas (R$ 900), mais air-bag duplo (R$ 1.000), chegando ao preço de R$ 45.400.

Sob o capô está o excelente motor 1.6 16V flex (113 cv com etanol e 110 cv com gasolina) que se mostrou bem elástico durante toda a avaliação, graças ao torque de 15,5 kgfm (etanol/gasolina) suficiente para empurrar os 1.216 kg da picape e mais dois ocupantes. As retomadas foram lineares e o câmbio manual possui engates macios e precisos. A sensação de estar dirigindo um carro de passeio é sentida o tempo todo, ao volante, dá para esquecer a caçamba lá de trás e acelerar normalmente, devido ao entre-eixos 30 cm mais longo que o dos demais 207, algumas respostas ficam mais lentas, como as constantes trocas de faixas no trânsito pesado da cidade. O ajuste correto na direção se dá pelo fato da Hoggar ter duas válvulas equalizadoras de freio na traseira, uma para cada roda, o que ajuda ns frenagens e distribuição de peso da caçamba vazia ou cheia. A picape se mostra estável o tempo todo, mesmo em curvas mais fechadas não se sente muito a tradicional “saída de traseira” nesse tipo de veículo, assim como o modelo não quica muito, só em buracos ou desníveis nas ruas que é percebido as batidas secas da suspensão, que é independente na dianteira e usa barras de torção na traseira. Internamente é possível identificar alguns barulhos que vem da caçamba e do painel de plástico rígido, mas em velocidade de cruzeiro o nível de ruído interno diminui bastante. A picape Hoggar é um carro bastante agradável de andar e tem potencial para cutucar ainda mais a concorrência, se a Peugeot der mais atenção à ela, com uma propaganda mais agressiva e melhorar consideravelmente seu pós-venda e preços das peças de reposição.

*FICHA TÉCNICA

Motor: Diant./ transv. / 4 cilindros/ 16V
Cilindrada: 1 587 cm3
Diâmetro x curso: 78,5 x 82
Taxa de compressão: 11,1:1
Potência: 113/110
Torque: 15,5/14,2
Câmbio: manual / 5 / dianteira
Carroceria: picape
Peso: 1 216
Peso/potência: 10,8 / 11,1
Peso/torque: 78,5 / 85,6
Porta-malas/caçamba: 1 151
Tanque: 55
Suspensão dianteira: independente, McPherson
Suspensão traseira: barra de torção
Freios: disco ventilado (diant.) / tambor (tras.)
Direção: assistência hidráulica / 3 voltas
Pneus: 185/65 R15
Consumo urbano: 6,6
Consumo rodoviário: 9
0 a 100 km/h: 12,3
0 a 1000 m: 34,1
Retomada 40 a 80 em 3ª (ou D): 7,9
Retomada 60 a 100 em 4ª (ou D): 11,8
Retomada 80 a 120 em 5ª (ou D): 21,1
Velocidade máxima: 179
Frenagem: 120/80/60 km/h a 0 (m); 70 / 31,5 / 17,4
Ruído interno 1ª rpm máx: 74,2
Ruído interno 80 / 120 km/h: 61,2 / 69,7
Preço: R$ 43.500

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