sexta-feira, 25 de março de 2011

3008 consegue emocionar mantendo a razão


Seu nível de exigência está ficando mais alto. Não importa o motivo (e talvez, na prática, nem haja motivos), você quer um carro espaçoso, versátil e prático. Também não abre mão de conforto, lógico, e acredita que qualquer carro que se preze hoje deve ter uma boa dose de tecnologia, mesmo que você não a toque ou veja. O estilo, moderno como você é, é fator determinante. Minivans e peruas? As primeiras são o ícone da falta de libido automotiva, enquanto as segundas são opções cada vez mais escassas. E pra completar, o maior “problema” de todos: você adora dirigir.

Acredite: já fizeram um carro que reunisse tudo isso e por um preço razoável. Seu nome é Peugeot 3008, ele custa R$ 75.900 na versão Allure e R$ 86.900 na Griffe, aqui experimentada por iG Carros.


Galã ou patinho feio?

A maior polêmica que o 3008 carrega (e provavelmente carregará nas próximas gerações) em seu destino é o visual. Na nossa convivência com ele, escutamos de tudo: bonito, feio (nos dois casos, em variados graus e gírias), estiloso, imponente... Talvez ele seja tudo isso, mesmo. É impossível se manter indiferente à parruda dianteira, com uma grade tão volumosa que quase joga os faróis para a lateral. Já a traseira não poderia ter lanternas mais controversas. De perfil ele é menos polêmico e mais palatável. Personalidade, sem dúvida, é o que não lhe falta.

Cockpit

Depois de debater com você mesmo se achou o crossover da Peugeot bonito ou não, chega a hora de conhecê-lo por dentro. E aqui ele começa a nos fazer esquecer o porquê da discussão sobre seu visual. A posição de dirigir, embora alta, é esportiva, com o volante podendo ficar bem na horizontal, graças à boa angulação do seu ajuste. Os bancos largos são confortáveis e a direção tem boa pegada, enquanto todos os controles estão à mão.

Isso tudo, no entanto, a maioria faz. O que garante ao 3008 uma posição de guiar especial é o console central elevado, que coloca a alavanca do câmbio encantadoramente na mão do motorista. Não há concorrente que entregue tão bem quanto o 3008 a sensação de se estar num cockpit de carro de corrida.

Mas você não dá importância a isso, tem outras prioridades. Ok, o 3008 lhe tratará bem de outras maneiras também.

Democrático

O 3008 não seduz somente o motorista. Quem vai ao seu lado conta com o compartimento refrigerado sob o apoio de braço central. Nos dias de calor, ar-condicionado individual; nos de frio, aquecimento do banco. Os de trás, nem sempre agraciados com mimos, têm, além do espaço, a comodidade do compartimento camuflado sob o assoalho e o conforto das cortinas nas janelas, além do principal: poder enxergar tudo sob outra visão, graças ao teto-solar panorâmico (que beneficia muito mais quem está na segunda fileira do que os da frente, aliás).

De tão democrático, o 3008 é gentil até com as bagagens no porta-malas. Ele tem um sistema (aparentemente inédito) que pode acomodar as malas em três níveis. Basta remover a cobertura e encaixá-la no nível superior ou inferior – ou, no caso das viagens mais longas e repletas de bagagens, simplesmente guardar a bandeja em casa. A lanterna portátil também é uma boa sacada.

1.6 litro x 1.660 kg

Se um motor dessa litragem parece estranho para um carro desse tamanho, isso prova que o downsizing é o caminho certo para evoluir, ao mesmo tempo, em desempenho e consumo – sem partir para a chatice dos elétricos e híbridos. São 156 cv de potência e torque de 24,5 kgfm já às 1.400 rpm. Isso significa que na mínima investida no acelerador o 3008 já responde prontamente.

Batizado de THP (Turbo High Pressure), o motor que equipa o crossover surpreende pela calma quando se quer andar devagar e, principalmente, quando não se tem calma. É empolgante ver o volumoso 3008 ganhar velocidade sem demonstrar esforço. O mérito, claro, não é só dele. Quem está acostumado ao arcaico câmbio de quatro marchas usado pelo grupo PSA Peugeot Citroën dá pulos de alegria ao encontrar uma transmissão de seis velocidades, muito sintonizada com o motor. No modo manual, faz o que se espera dela: reduz uma marcha se a rotação cai muito, mas não avança se o conta-giros está no limite.

Até aqui o 3008 se mostrou confortável, espaçoso, prático e dono de bom desempenho. Mas com esse tamanho, imagina-se que deva ser uma banheira. De maneira alguma. Sua suspensão tem um terceiro amortecedor instalado horizontalmente na barra estabilizadora, de funcionamento hidráulico. A invenção não é papo de engenheiro: o carro é firme em altas velocidades e naquelas curvas feitas como não se deve. Tem muito hatch e sedã por aí que reclamam mais sendo menos exigidos.

Contra tudo e contra todos

A Peugeot declara guerra contra Honda CR-V, Hyundai ix35, Chevrolet Captiva, Kia Sportage e Volkswagen Tiguan. Todos interessantes, mas vamos lá: o CR-V não tem, nem de longe, o prazer ao dirigir do 3008; ao Captiva falta requinte; Sportage e ix35 são maiores, mas menos versáteis, e o Tiguan tem menos espaço. E um detalhe: todos são mais caros.

Mas o 3008, claro, comete alguns deslizes. O volante poderia ser mais convidativo e inédito, e não a mesma peça usada há anos no 307; o rádio é simplório para um carro nessa faixa de preço; e o maior dos pecados: apenas 200 carros são importados de Sochaux, na França. Ou seja, terá que entrar na fila para ter o seu.

A Peugeot está tirando o atraso em concorrer no segmento com um modelo que tem se tornado referência no segmento. O 3008 surpreende por cumprir suas obrigações corretamente, e mais ainda por fazer muito bem funções que não se esperam dele. Quando alguém lhe perguntar sobre crossovers, mostre uma foto do 3008 – até aqui, o mais bem resolvido modelo. Talvez não tanto no visual, mas definitivamente na dirigibilidade e, melhor, até no preço.
fonte:  iGcarros

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