segunda-feira, 19 de março de 2012

Peugeot 208 chega para redimir a marca


A Peugeot foi do céu ao inferno no Brasil nos últimos anos. Primeiro, a marca viu seu produto mais conhecido virar objeto de desejo no final da década de 1990. O hatch 206 agradou tanto com seu estilo de olhos felinos e linhas ousadas e incomuns que a montadora não demorou para torná-lo um veículo nacional.


Produto de sucesso, o 206 ficou em linha mais tempo do que o comum – nada menos que oito anos -, mas a aposentadoria chegou em 2006 com o lançamento do 207. Espécie de evolução do seu antecessor, o modelo manteve as linhas agressivas, mas cresceu e ficou mais sofisticado.


Foi aí que a filial brasileira da Peugeot cometeu um equívoco. Preferiu investir pouco por achar o 207 um carro caro para nossos padrões e acabou reestilizando o 206. Frente copiada do compacto francês, painel adaptado para exibir linhas parecidas, o novo 206 tinha suas virtudes, mas rebatizá-lo como 207 foi um desrespeito perante o consumidor brasileiro.


Coincidência ou não, desde então a marca nunca mais foi a mesma. Ainda ampliou a família “207” com um sedã (Passion) e uma picape exclusiva para nosso mercado (Hoggar), porém, suas vendas perderam força e hoje a Peugeot ocupa um modestíssimo 11º lugar entre as marcas mais vendidas do país.

Nova chance

A situação delicada motivou um ciclo de investimento agressivo para estancar a hemorragia e a base para recuperar a marca chama-se 208. O sucessor do 206 e do 207 foi apresentado pela primeira vez ao público no Salão de Genebra e começará a ser vendido na Europa nos próximos meses.

A Peugeot, inclusive, já anunciou que o 208 será fabricado no Brasil em 2013 e que o 207 nacional continuará em linha como modelo de entrada. O grande mistério, no entanto, é saber que “208” os brasileiros terão.

iG Carros teve oportunidade de conhecer o 208 europeu em detalhes no evento e a conclusão é que a Peugeot tem uma imensa chance de se redimir do erro anterior.

A primeira grande diferença - e virtude - do 208 é ter rompido com o estilo anterior. O modelo adota o novo DNA da marca, com traços mais retilíneos e elementos no formato de bumerangue. Não é tão impactante quanto o 206 na época, mesmo assim encanta e se diferencia facilmente de seus rivais.

Também não é um carro grande, é verdade, mas desenhado com clara preocupação de oferecer conforto, um dos pontos fracos do 206, que se rendia aos caprichos de seu design para maltratar os ocupantes do banco traseiro, por exemplo.

A parte mecânica recebeu especial atenção e, na Europa, significa ter uma gama de motores variada que vai de blocos movidos a diesel, gasolina com turbo até novos propulsores de três cilindros e alto rendimento. Uma das versões pode receber uma transmissão com embreagem automatizada, além de câmbio manual.

Plugado na rede

É cedo para dizer se na prática essas evoluções se traduzirão num carro mais prazeroso de dirigir e também mais robusto e confortável. Por outro lado, já é possível afirmar que o conteúdo do 208 é um tremendo chamariz.

Original, o interior do carro exibe um padrão incomum para a categoria. Materiais nobres no acabamento como couro envolvendo o painel de instrumentos, volante de dimensões reduzidas e formato oval, instrumentos refinados, ar digital de duas zonas..., a lista é grande. Mas o que nos chamou a atenção foi mesmo o sistema multimídia. Com preço mais em conta que o de outros hatches, a tela concentra as funções conhecidas como navegador, rádio, Bluetooth, mas tem uma interface no estilo smartphone, é sensível ao toque e traz até mesmo aplicativos tal qual os celulares mais famosos.

A marca, aliás, oferecerá conexão por Wi-Fi dentro do carro e promete mantê-lo conectado em tempo integral na Europa.

É insensato esperar que a Peugeot ofereça algo desse nível no Brasil. Não é só uma questão de custo, mas também técnica. Ainda assim, o 208 nacional fará sentido se for mais que um rostinho bonito e original. Ele precisa ter diferenciais, seja numa motorização mais eficiente e ecológica ou um conteúdo antenado com os anseios dos consumidores jovens. Espera-se que a marca francesa não tenha memória curta, afinal ela sabe como ninguém que o fracasso corre muito próximo do sucesso.
Fonte: iGCarros

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts with Thumbnails